segunda-feira, 7 de março de 2011

Intervenções urbanas

Sexta-feira, véspera de carnaval, como pude esquecer disso? Levei duas horas pra conseguir pegar a bicicleta pra ir pra Pedalada Solidária na Av. Paulista, quer dizer, não fui. E entre um ônibus e outro, fui caminhando. Era mais rápido - devia ter ido a pé desde o início logo de vez - e menos angustiante do que ficar dentro de um ônibus que não anda. Andando, topei com isso aqui:

A Olívia já tinha mostrado uma foto desse trabalho, e nem reparei que eu passo por ali todos os dias. Só quando vi a placa e voltei a ver a foto no blog é que vi a Americanas do outro lado da rua e a calçada da imobiliária na Pio Onze. Gosto do resultado, gosto de saber que tem gente repensando os usos dos espaços públicos, mas fico um pouco apreensiva. Será que sai mesmo com algumas chuvas? O blog:

http://gentilezasurbanas.blogspot.com/

sexta-feira, 4 de março de 2011

Da idéia antes da idéia

Começou assim, numa conversa, se vc fizer um abaixo-assinado, eu assino, é impossível atravessar aquela rua. E outra dizendo, eu assino também! E mais uma, e mais uma...
Fiz um abaixo-assinado. Mas me empolguei e fiz dois abaixo assinados. É que quando a gente anda com a cabeça erguida, a gente não vê só os nossos problemas.
Então agora tenho dois protocolos de cadastro de solicitação de semáforo para pedestres: um na Pio XI, e outro para o CEU Jaguaré. Vamos ver no que dá. E os abaixo-assinados estão prontos.
O único porém é que estão endereçados ao Secretário de Transportes, Marcelo Cardinale Branco, responsável também pela CET e pela SPTrans. Um senhor que, bem, não sei se ele dará a devida atenção para uma coisa tão simples, já que seu nome consta em autos policiais. Deve ter coisa mais importante para se preocupar, certamente. É por isso que nossa cidade literalmente não anda:

http://blogdofavre.ig.com.br/2010/06/crise-no-governo-kassab-saida-de-moraes-causa-debandada/

A notícia é antiga, mas a gente sabe que os processos são lentos...

Os abaixo-assinados, para quem quiser participar:

Para o CEU do Jaguaré:

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N7414

Para a Av. Pio XI:

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N7412

quinta-feira, 3 de março de 2011

Terceira idéia:

Veja o vídeo:

http://www.bikebus.org.au/

Vem de longe essa idéia, e pode funcionar para quem tem medo de sair de bike sozinho. É de dar medo mesmo, andar a pé dá medo, andar de carro dá medo, e se você pensar muito, ficar em casa pode ser assustador. Pode cair um avião na sua cabeça, o gás pode explodir, o celular pode te dar um choque. Eu sempre levo choques segurando o carrinho do supermercado, aliás. Não sei porque. A cara da minha mãe quando me viu andando de bike, um misto de "ah, eu tinha uma filha linda" (sim, verbo no passado) com "onde foi que eu errei?". Pelo menos eu estava de capacete, acho que isso amenizou um pouco a expressão facial dela. Mas é assim mesmo que as pessoas vêem os ciclistas: uns kamikazes. Bom, é assim que eu me sinto com os olhares quando ando na rua de bicicleta, e é assim que eu via os ciclistas, pra ser sincera...
Mas usar a bicicleta como meio de transporte não só é possível, como é muito real. Veja aqui do lado quantos links de bicicleteiros! E são pessoas absolutamente normais (pelo menos aparentam, na internet a gente nunca conhece direito as pessoas), sem tendências suicidas. Muito pelo contrário. A gente valoriza a vida, e tanto, que a gente quer menos carros nas ruas. Mais amor, menos motor, como dizia o mote da bicicletada de fevereiro.

Pra perder o medo, essa é uma idéia incrível! Um ônibus com hora marcada para sair e pontos de parada! Quer dizer, não necessariamente parada, mas pelo menos passagem: um grupo de ciclistas que vai passando por uma determinada rota e colhendo mais ciclistas pelo caminho.

Vantagens: bom, um motorista dentro de um carro pode não respeitar muito um único ciclista. Mas estando em maior número, o ciclista passa a ser o mais forte! Felizmente, uma ou outra pessoa ainda tem vergonha de barbarizar na frente de muita gente.

O grupo pode ocupar uma faixa toda (na real é o que todo ciclista deveria fazer, mas a gente é legal no trânsito e dá a passagem pra quem tem mais urgência) em vez de ficar andando no cantinho, que é sempre a pior parte da rua - guias tortas, buracos, bueiros, o asfalto derretido que vai formando aquelas ondulações malditas, enfim. Muito mais segurança anti-tombos, portanto.

Os motoristas tem maior visualização! Tá, são todos uns monstroristas, a gente sabe, a excessão a gente nunca encontra. Mas vamos fazer a nossa parte. Precisamos ter a certeza de que estamos sendo vistos.  Ninguém vai dizer que onde tinha 20 ciclistas parecia não ter nada.

Resumindo,

todos juntos somos fortes
somos flecha e somos arco
todos nós no mesmo barco
não há nada a temer!

Sabe quando a rua vai ficar mais segura, em todos os sentidos? Quando for devidamente ocupada.

Esperar, não mais.

 http://colunas.epocasp.globo.com/adotesp/2011/03/03/sao-paulo-tem-solucao-para-bicicleta-mas-prefere-as-promessas/

Texto do Milton Jung sobre uma entrevista com o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, na Época São Paulo, edição de março. Muitas obras previstas para melhorar a vida do ciclista, mas o que teremos de concreto até o fim o ano? 

“O Complexo Padre Adelino – três viadutos com intersecções que levarão os motoristas provenientes de ambos os sentidos da Radial Leste a acessar a Avenida Salim Farah Maluf”.

Note: MOTORISTAS. Não ciclistas, nem pedestres.

Pra rir, tamanha a cara de pau do sujeito. Mas é assim, né, desde sempre, promessas e mais promessas.

Eu gostei muito desse vídeo aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=iFUbrme9V0M

É isso! Quer bem feito? Faça você mesmo! Esse sempre foi meu lema, e nem sempre sai tudo bem feito, mas a satisfação de você mesmo botar a mão na massa é incomparável. Agora amplio meu lema para outros assuntos que não costurar uma roupa, fazer a festa do filho ou pintar a casa.
Agora eu ando com panfletos na bolsa. Agora eu sou militante. Por que ser cidadã, o que é ser cidadã? É esperar que o Kassab entenda que quem precisa de ciclovia é o trabalhador pobre e não o cara rico que vai passear de bicicleta das sete da manhã às duas da tarde de um domingo?
É esperar que entreguem um novo hospital, uma nova escola? E um novo pedágio? É ver a passagem do ônibus custar mensalmente quase a metade do salário mínimo e tudo bem? É isso? Cidadania ficou bonitinho, redondinho, arrumadinho. Ser cidadão foi muito usado, eu acho. E meio que caiu no limbo das palavras muito repetidas. Sabe, quando perde o sentido? Isso é pouco pra mim. Ser cidadã assim. E não está tudo bem. Eu quero as coisas bem feitas. Eu vou fazer eu mesma. Eu mesma  e mais um monte, quase um mundo de gente que também se incomoda. Os incomodados que mudem, pra fechar com um belo deschavão.

Ps: Vídeo e reportagem via Olívia Brenga, a informante do nosso QG.

Pps: Não tem ciclofaixa na ponte do Jaguaré. Por que será, né? Pra quem trabalha o prefeito a gente sabe muito bem.

Segundas Idéias - duas em uma, por que a 2.2 ainda é impraticável:

2.1. Tive a idéia de perguntar se alguém tem alguma idéia pra varrer do governo da cidade e do estado os DEMônios e os tucanos que estão há tanto tempo no comando. A propaganda eleitoral já começou. O que faremos para evitar a continuidade do atraso?

Não quero ter que me mudar para a Holanda para viver como vivem na Holanda. Mas é só um exemplo, a Holanda.

Não sei, talvez eu seja muito apocalíptica, mas vejam, o Leo pediu pra eu levar ele de bicicleta pra escola, bom, vou devagar, pela calçada, beleza, fomos. Mas numa hora não tinha calçada, e fui pela rua, na mesma mão dos carros, à direita, com retrovisor, capacete, etc, tudo certinho. Uma hora passou uma caminhonete e tirou uma fina, mas uma fina, que me deixou inflada, sabe aquele peixe que vira balão, sou eu, virei um balão cheio de ódio, mas tudo bem, numa expirada o ódio vazou, ficou só um putz, sacanagem. Aí o cara parou no semáforo, ah, hahaha, acelerei, só pra pegar o carro no semáforo. Sorriso, bom dia! Tudo bom? Então, o senhor tirou uma fina da gente agora, poxa, de acordo com o código de trânsito, o senhor deve manter uma distância de um metro e meio de uma bicicleta, sabia? Melhor fazer assim, né? O engraçado foi que quando ele me viu, sorriu, e quando eu comecei a falar, fechou o vidro e virou a cara. Eu deis três batidinhas no vidro e falei bem alto: UM METRO E MEIO, VIU? OBRIGADA E BOM DIA! Sorrindo, sempre, por que eu sou uma moça cordial, afinal. O sinal abriu, o cara vazou, e aí o de trás, que não tinha nada a ver com a história, ficou meio putinho e veio gritar umas coisas, tipo sua louca, não tem isso de um metro e meio não. Sei que era umas sete horas da manhã e eu tava gritando no meio da rua, UM METRO E MEIO, SIM!! Depois eu cheguei à conclusão de que não tenho estrutura emocional para andar com o Leo de bike durante a semana. Ok, não vou me estressar, eu sozinha vou de boa, mas se alguém se aproximar mais de um metro e meio do meu filho e colocar a sua vida em risco, eu viro um monstro, um bicho, eu arranco a jugular de um no dente. Coisa de mãe, de instinto materno. Então, para evitar mortes alheias, decepações, mutilações, condenações, etc, não ando mais com meu filho junto. Talvez com uma bike para ele, só pela calçada.

2.2. Fiquei pensando que talvez fosse bom eu ensinar o Leo a usar o estilingue com perfeição. Que aí ele vai na minha garupa, com o estilingue meio escondido, e a gente vai só estilhaçando os vidros dos filhos da puta que andam à solta por aí. Já pensou? É isso. Guerrilha. Mas acho melhor esperar ele crescer mais um pouco. Deixar ele mesmo perder a fé na humanidade e decidir partir para a luta armada.  

Primeira Idéia:

a gente pode melhorar o trânsito. não o fluxo de carros, mas o trânsito: o ir e vir de pessoas, pessoas que andam à pé, pessoas que andam de bicicleta, pessoas que vão de ônibus, pessoas que dirigem carros. para melhorar a vida das pessoas, portanto. é o seguinte: a gente se multa. hein? como assim? é, ué. a gente se multa. todo cidadão, assim como tem direito a dar voz de prisão - sabiam disso? - poderia ter também o direito de multar um infrator. anotar placa, horário, rua, infração, e mandar pro órgão responsável - detran? - que se encarregaria de enviar a conta pro sujeito, que poderia recorrer, assim como pode hoje, quando leva uma multa da cet ou da pm. hoje quase todo mundo tem celular com câmera. viu um carro quase atropelar um ciclista, por que não guardou 1,5m de distãncia? multa. um carro não parou na faixa de pedestre? multa. se cada um de nós fosse um agente da cet, ia ser tanta multa que uma hora a palhaçada acabava.

De idéias.

Idéias. Idéias com acento. Por que eu não concordo com essa reforma ortográfica. Onde já se viu, jibóia sem acento? Mas essa é outra história. Por que um blog de idéias? Para que as idéias tomem assento. Assentadas, talvez comecem a conversar, qual senhoras tricotantes. Talvez o fio sem querer se enrosque numa idéia e a idéia, assentada e enroscada, não tenha outra possibilidade senão sair do ideal e entrar no real. No palpável e concreto mundo real. Às vezes nem tão palpável nem tão concreto assim. Mas em geral de concreto e cimento. Eu tenho cá comigo a imagem de uma cidade ideal. E de repente, eu nem sei como ou por que aconteceu, eu acordei um dia e estava assim, achando que era possível ter uma cidade ideal no plano real. Mentira, foi depois de ficar dez minutos embaixo de chuva tentando atravessar uma avenida numa faixa de pedestres, com meu filho de sete anos do lado, sem que nenhum carro parasse para que pudéssemos atravessar. Cansei de São Paulo. Mas não quero sair daqui. Quero fazer daqui um lugar melhor. Estamos juntos? Deixe sua idéia. Com ou sem acento, ela terá assento. E esse trocadilho eu roubei de uma amiga, um dia, quando reclamei dos acentos. Ela disse algo do tipo as idéias tem acentos e assentos, e eu achei genial. Assentemos, pois, as idéias.